Paulo Frange

O Conclave e o meu Papa!

A notícia da renúncia do Papa Bento XVI surpreendeu o mundo Católico. O que deveríamos estar refletindo é sobre o que levou um homem de formação e experiência impar como a dele ser escolhido para suceder João Paulo II, em 2005. Sensato e coerente e com tamanho peso sobre os ombros ele veio a tomar uma atitude desse porte. Com certeza deve ter-lhe custado noites de insônia!

É claro que deve ter pensado muito e feito uma grande costura interna para tomar essa atitude. É assim no poder. Não seria diferente na Igreja. Se por um lado iniciou seu trabalho com a marca de conservador, terminará seu Papado como inovador e arrojado. Deu um passo que demorou 600 anos, desde a última renúncia. Não tenho dúvida em afirmar que as imagens de João Paulo II, arrastando-se até seus últimos dias, deve ter influenciado e contribuído para essa decisão. Foi sábio. Foi prudente. Deu exemplo e agora, com certeza, fará uma nova história não só na Igreja Católica, mas também manda um recado para outros líderes mundiais.

É preciso ter coragem e altivez, para reconhecer que o corpo humano não está preparado para grandes embates e pressões na chamada quarta idade! Somos humanos, mesmo sendo Papa. Envelhecemos, ficamos doentes e até usamos marcapasso!

O Papa Bento XVI enfrentou seu maior desafio e saiu vencedor. Suceder João Paulo II, talvez, tenha sido a mais difícil tarefa que enfrentou. Maior até que as dificuldades da própria Igreja. Tanto foi assim que foi beatificado em tempo recorde para alívio de todo o mundo católico - que ficou órfão numa comoção nunca antes vista nesse último milênio. Bento XVI passou a ser amado e admirado. Viajou, visitou, falou muito aos fiéis, foi simpático e agiu com muita prudência. Conquistou o mundo! Ganhou a simpatia e os corações de uma população cada vez mais informada e com maior capacidade crítica.

Os temas polêmicos batem à porta da Santa Sé. Vamos ter que enfrentar esses dilemas que afligem o mundo moderno. Aqui não se trata de uma luta, onde temos vencedor e vencidos. Trata-se de temas de ética da vida. Quem ganha é a sociedade. E aí está o grande papel da liderança que virá, com a capacidade de ouvir, ouvir e auscultar esse imenso rebanho exaustivamente. Flexibilizar conceitos. Pensar e repensar os papéis. É hora de deixar os muros, derrubá-los, e caminhar para a sociedade e não mais esperar que venha até a paróquia bater às portas, para buscar orientação e consolo. Queremos agora uma Igreja proativa, inovadora sem perder sua história e seus dogmas, mas temos que ser os primeiros a saber das últimas.

O mundo científico está evoluindo na velocidade da luz. Células tronco, distanásia e não eutanásia, os limites da vida , contraceptivos , fertilização in vitro, produção e descarte de embriões, aborto em fetos anencéfalos, e tantos outros temas estão em uma enorme fila , aguardando definições e oportunidade para ter seus conceitos reconhecidos pela Igreja. O estado brasileiro é laico, mas não podemos deixar os legisladores sem acompanhamento e sem orientação.

É chegado o momento de socializar nossas angustias. Falar delas como se fosse desabafo ! Ter com quem falar. Ser ouvido. Ninguém quer ensinar a Igreja o que deve e pode ser feito. Queremos ouvir e ser ouvido como uma ovelha desse rebanho que respeita e acredita que temos um longo caminho para percorrer. Queremos acompanhar o nosso pastor ! Seguir o legado de Pedro!

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