Paulo Frange

Desigualdades na saúde pública e privada no Brasil

O Brasil tem hoje 380 mil médicos e chegará ao final de 2013, a 400 mil. Isso representa cerca de 2 médicos para cada 1 mil habitantes, o que numa visão apressada parece até bom. Estatísticas são sempre assim ! Um olhar mais cauteloso já aponta as distorções desse continente de mais de 8,5 milhões de km2, quando temos a informação que o Sudeste tem o dobro de médicos que o Norte do país.

E que Médicos são esses?  Cerca de 180 mil não tem títulos de especialista ou não concluíram programa de Residência Médica. Aqui, a situação começa a agravar considerando a deterioração do ensino médico no país.  Quase metade dos Estados brasileiros tem mais médicos sem títulos do que especialistas. E, as regiões com mais médicos, naturalmente são aquelas que têm mais especialistas.

Entre as especialidades, a Pediatria é disparada a que tem mais médicos. São mais de 30 mil. E, os Ginecologistas e Obstetras somam mais 25 mil, seguidos por 22 mil Cirurgiões e 22 mil Clínicos Gerais.   Os Anestesistas são  mais 18 mil e a Medicina do Trabalho e Cardiologia mais 12 mil cada uma delas. O Curioso, é que o Brasil já tem mais de 10% de sua população de idosos, e a Geriatria tem um desempenho tímido, não compatível com a necessidade atual da especialidade, num país que envelhece rapidamente e com alongamento da expectativa de vida.

Entre as curiosidades dos nossos números, estão o empate técnico da Cirurgia Plástica e a Medicina Intensiva, com cerca de 4,5 mil cada uma das especialidades. A Dermatologia tem mais médicos, e chega a 6 mil em todo o território nacional.

O Brasil também tem cerca de 7 mil médicos formados no exterior, e portanto com diplomas estrangeiros. A maioria deles, 65% são brasileiros que saíram para estudar fora do país e tiveram seus diplomas revalidados de acordo com as normas do MEC, com posterior registro no CRM. Esses médicos tendem a se concentrar nas mesmas regiões daqueles que se formam aqui, ou seja, nos grandes centros.

 

Há uma tendência que parece irreversível, que é a participação da mulher nos quadros funcionais da saúde. Desde 2009, elas já são maioria nos novos registros de médicos.  Quando me formei médico, em 1975, elas representavam 20% dos formandos, e em 2010, já eram o dobro, 40 %. Hoje, representam 54,5% dos médicos formados no último ano.

É natural que o adensamento de médicos aconteça nas regiões mais atrativas economicamente, assim como outros  profissionais e estabelecimentos de saúde. Atualmente, temos quase 50% dos médicos do país, em 38 municípios com mais de 500 mil habitantes. Nesses municípios, temos também mais de 60% dos hospitais especializados. Essa situação, trás uma desigualdade que torna a saúde no país, pública  e privada, um  grande desafio para todos os especialistas em saúde pública, gestão pública ,administradores hospitalares, MEC, Ministério da Saúde e Governos Municipais,  Estaduais e Federal.

Diante desse quadro,  nos resta também esperar. Em 2020 teremos no Brasil mais de 500 mil médicos, e a manter a taxa de crescimento populacional, chegaremos a 2,41 médicos por mil habitantes. Apenas em 2050, teremos  4,24 médicos por mil habitantes, já realidade de alguns países da Europa, e mesmo assim quando 2050 chegar, não venceremos as desigualdades entre regiões e nem aquelas já tão conhecidas entre a saúde pública e privada.

É realmente um grande desafio ! Talvez, o maior desafio do Brasil para o século XXI.

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