Paulo Frange

O COVID-19 e o redescobrimento do Brasil

Desde as primeiras notícias da chegada da pandemia no Brasil, o COVID-19 começou a eviscerar nossa realidade. Parecia ser uma doença dos ricos e dos amigos que voltavam de viajem das férias ou do carnaval no exterior.
 
Poucos dias depois, já tínhamos transmissão comunitária e começa então, um bombardeio de informações, que nos deixa cada dia mais surpresos, com a dimensão e os abismos que separam os brasileirinhos. Dados de 23/04/2020 mostram 45 mil contaminados para uma população de 210 milhões de habitantes.
 
Somos 5.570 municípios e, em 4.143 (74%) deles, com até 25 mil habitantes, num total de 40 milhões de pessoas (19%). Já foram confirmados 1.175 municípios (2,6%) com casos de COVID-19, até agora, ou seja, 29 casos para cada 1 milhão de pessoas. Outros 754 municípios, têm entre 25 a 50 mil habitantes, com 25 milhões de habitantes (11%), e 1.114 (2,4%) casos confirmados, ou seja, 44 casos por milhão de habitantes.
 
Outros 24 milhões (11%), estão em 349 cidades, com população entre 50 e 100 mil habitantes. Esses, já possuem 1.800 (20%) confirmados, ou 75 por milhão. Grande parte deles, tem estrutura para atendimento de pequena e média complexidade. 
 
Na outra ponta, nos 48 maiores municípios do país, com mais de 500 mil pessoas, incluindo São Paulo com 12 milhões, vivem cerca de 66 milhões de brasileiros (32%). Já foram confirmados 33 mil casos (73%), ou 500 casos para cada 1 milhão.
 
Além do mais, cerca de 55 milhões de brasileiros (26%), vivem em 276 cidades com população de 100 a 500 mil habitantes. Destes, já são 9 mil casos de COVID-19 (20%). Essas cidades são grandes polos do interior desse país, que possuem estruturas de saúde, capazes de atender a essa demanda. Porém, são quase todas, referências de atendimento daqueles 4.123 municípios, bem como, os 754 com população de 50 a 100 mil habitantes, que com certeza, não possuem UTI, e quando as tem, não tem o médico intensivista e tampouco a Tomografia.
 
Por aqui é possível fazer uma conta simples. Com uma população adensada, a propagação do vírus é 17 vezes maior que nas cidades até 25 mil habitantes, 11 vezes maior que aquelas com 50 a 100 mil habitantes e 6 vezes em relação as cidades de 100 a 500 mil habitantes.
 
Esse é o retrato atual do Brasil. O único país do mundo, com essas características, mas com um sistema de saúde também único, o SUS, que tem capilaridade em todos os municípios, hierarquizado e universal. O sucesso dessa Guerra, dependerá muito da capacidade de gestão da informação e logística de abastecimento do Ministério da Saúde.
 
Mas, o sucesso também está nas nossas mãos. É primordial, realizar o distanciamento social, além dos cuidados de higiene. Ficar em casa dará tempo para organizar toda essa estrutura magnifica do SUS, com 31 anos de existência e, que nunca havia sido colocada à prova!
 
Vamos contribuir com disciplina, fé e esperança. 
 
 
PAULO FRANGE
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