Capítulo II
Quando falamos em hospital, vem logo à mente, a imagem de um grande prédio. A realidade no entanto, não é bem essa. A maioria dos hospitais brasileiros é de pequeno porte. Mais de 60% deles têm menos que 50 leitos e em média, 64 leitos.
Os hospitais municipais são os menores, com tamanho médio de 36 leitos. Os hospitais federais, os maiores, com média de 118 leitos. Os Estaduais vêm em seguida, com média de 103 leitos e os filantrópicos com 88 leitos. Os privados lucrativos, possuem em média 53 leitos, sendo maiores que os municipais, mas menores que os estaduais e filantrópicos.
Desde a década de 70, o número de hospitais aumentou 40%, a maior parte desse crescimento concentrado no setor público.
O crescimento do número de leitos públicos na década de 80, coincide com um decréscimo do número de leitos privados.
O número crescente de pequenos hospitais resulta de uma política de inaugurações de prédios hospitalares, por prefeitos de pequenos municípios geralmente financiados por emendas parlamentares ou por acordos políticos, não seguindo uma orientação centralizada na distribuição de leitos, a partir de critérios técnicos.
A motivação política sempre foi maior, não levando em conta a necessidade permanente do financiamento do hospital, que começa a partir da data da inauguração e nunca mais deixa de existir, sendo sempre crescente.
Isso gerou no Brasil uma forte expansão da rede municipal, com pequenos municípios com média de 3,2 leitos por 1000 habitantes, comparáveis aos municípios médios e grandes, a maior parte desses leitos, subutilizados, com média de ocupação abaixo de 30 %. Além do mais, esses hospitais têm em comum baixíssima resolutividade.
Esses números mostram parcialmente o grande equivoco na construção de leitos hospitalares no Brasil, sem uma política pública para o setor, com racionalização no uso de recursos públicos.
Além do mais, nas últimas duas décadas, houve um aumento considerável da construção de leitos privados e uma expansão da saúde suplementar, chegando a cobrir cerca de 20% da população brasileira. O Sistema Unimed e as operadoras de Planos e Seguro Saúde, buscaram redução de custos hospitalares, construindo ou comprando seus próprios hospitais.
A média dos leitos mais uma vez não traduz qualidade na atenção hospitalar. Do ponto de vista simplesmente numérico, temos média dentro dos padrões internacionais, mas com desigualdades insanáveis até o momento.
Aqui vale a máxima, que é preciso de mais política de saúde e menos política na saúde !!!